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A natureza incontrolável das tristezas

Toda vez em que a palavra fotolivro me vem à cabeça, a lembrança cruel daquelas fotos - que eu nunca vou poder apagar do coração e nem terei de mim mesma para guardar com igual apreço - me salta à boca e me faz querer desmanchar. Isso é muito difícil para qualquer um entender, um tipo de doença sorrateira que me devora a alma aos poucos sem que por fora haja sinal algum, além claro destes sentimentos que afloram sem que ele possa perceber a natureza incontrolável das tristezas.

Não se pode nem mais ser triste em paz, precisa de um atestado de louco para manifestar a loucura sem que haja espanto popular. Aqui no vale do sol, onde ninguém conhece o prazer de andar na chuva, tudo o que se sabe é que um doente medicado é mais feliz do que alguém que só precisa chorar temperando de lágrimas uma xícara de chá.

Contradição engraçada deste tipo de gente que busca tanto uma vida mais natural, mas prefere que os insanos se tratem ao invés de deixá-los viverem suas fantasias e alucinações na vida real. Belchior talvez comece a fazer mais sentido, Tim talvez não soe tão melancólico agora, mas Elza ainda me dá forças para ir embora quando levantam a mão pra mim. Com a diferença que ele não vai se arrepender, pois aos homens fortes nunca falta um pedaço de pão, um digno trabalho e uma mulher a quem maltratar a carne e a sanidade do corpo. É isto que significa evoluir, se tornar uma alucinação de si perdida no vazio da alma de alguém que, infelizmente, carrega a sina de amá-lo.

Meu delírio é a experiência com esperanças irreais.

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